“A Vila de Garanhuns, Senhor Presidente, é uma das mais notáveis e antigas desta província. É uma parte da Europa tirada do Velho Mundo, e colocada aqui em Pernambuco.” Com estas palavras, o Deputado provincial Silvino Guilherme de Barros, o Barão de Nazaré, iniciou o discurso na Assembléia Provincial, que convenceu seus colegas parlamentares a aprovarem a Lei 1.309 de 04 de fevereiro de 1879 que elevou Garanhuns à categoria de município. Um ano antes, o Barão de Nazaré tinha vindo à antiga vila repousar e aqui se encantou com o potencial e clima da região. Entretanto, a história da nossa cidade começou muito antes desse emblemático episódio. Convido-os a embarcar no Trem da História e fazer uma longa viagem através do tempo. Embarcaremos no longínquo ano de 1654, época em que possivelmente começou o povoamento da região e saltaremos em 1887, quando a construção de uma estrada de ferro colocou Garanhuns literalmente nos trilhos do desenvolvimento. “Boa Viagem a todos”
ANTECEDENTES
A História de Garanhuns tem início na primeira metade do século XVII (1654) com o estabelecimento nos Campos dos Garanhuns, de uma tribo indígena denominada Unhauhu de corrutela Garanhun. O povoamento dessa região foi influenciado diretamente por dois dos mais relevantes fatos da História do Brasil: a expulsão dos holandeses e a destruição do Quilombo dos Palmares. Sobre este último falaremos com mais detalhes.
GUERRA DOS PALMARES E SUA INFLUÊNCIA PARA GARANHUNS
Em 1687, o Governador de Pernambuco D. João da Cunha Souto Maior resolveu fazer um esforço vigoroso com vistas a extinguir o Quilombo dos Palmares, uma verdadeira fortaleza encravada na atual região da Serra da Barriga em União dos Palmares-AL, para onde muitos negros fugiam corridos da dura vida na senzala. Ele conseguiu do Rei de Portugal a autorização para que o famoso Bandeirante paulista Domingos Jorge Velho viesse a Pernambuco acabar com a República dos Palmares como muitos chamavam.
Domingos Jorge Velho: Avô de Simôa Gomes
As primeiras investidas de Domingos Jorge Velho contra o Quilombo dos Palmares se deram em 1692, entretanto, os negros de Zumbi estavam bem organizados e determinados a não entregar barato sua liberdade. Diante de uma eminente derrota, ele retirou-se em 1693 e veio se refugiar nos Campos Verdes, onde hoje se localiza a Suíça Pernambucana. Jorge Velho passou aqui longos 10 meses. Seu filho Manoel Coelho Gomes veio a casar-se tempos depois com “Bartolesa” uma das filhas de Dona Simoa Gomes. Após desfrutar dos encantos da região, ele volta à Serra da Barriga e retoma a guerra contra os negros fugitivos. Nessa nova tentativa, contou com reforços vindos de Olinda e Recife comandados por Bernardo Vieira de Melo. Em 1696, após uma sangrenta luta, o Quilombo dos Palmares foi tristemente dizimado e seu Rei Zumbi tombou morto. Com a sua destruição, muitos negros fugindo do massacre, organizaram um quilombo aqui em Garanhuns com a denominação de Quilombo do Magano que posteriormente foi erradicado por Domingos Jorge Velho. Em suma, as expedições organizadas para combater os negros palmarinos, apesar de ser uma página triste de nossa história, contribuíram decisivamente para o descobrimento e o povoamento da região onde hoje se localiza a Cidade das Flores.
CIMBRES OU GARANHUNS, QUEM ERA A SEDE DO ARAROBÁ?
Quatro anos após a destruição do Quilombo dos Palmares, o governo da capitania instalou por volta de 1700 nos Campos do Garanhuns um distrito judiciário sob a forma de Julgado com a denominação de “Capitania de Ararobá” e uma Freguesia (menor divisão administrativa de uma província) de nome “Santo Antônio do Ararobá”. A primitiva Garanhuns era uma área imensa com 30.000 km quadrados, um território que hoje englobaria os municípios de (Arcoverde, Pedra, Buíque, Águas Belas, Canhotinho, Brejão, Angelim, Correntes, Quipapá, Pesqueira, São Caetano, Custódia, Sanharó, parte de Caruaru entre outros). Em 1762 com a formação da Vila de Cimbres, (povoado de Pesqueira) Santo Antônio do Ararobá perdeu provisoriamente a condição de sede da capitania recuperando o posto logo depois. Quando a sede retornou para Garanhuns, esta passou a se chamar Julgado de Garanhuns e depois Santo Antônio de Garanhuns. Alguns historiadores discordam dessa versão de Alfredo Leite Cavalcanti.
E DEUS DISSE: FORMEM-SE ENTRE AS SETE COLINAS, SÍTIOS E FAZENDAS
Entre 1700 e 1750 foram fundadas várias fazendas e sítios na Capitania do Ararobá. Nessa época, a futura Garanhuns tinha cerca de 15 casas. Suas autoridades eram: um Capitão-Mor, um Juíz, um Tabelião e um Vigário de Vara. Muitos sítios prosperaram sendo o mais importante deles a Tapera do Garcia. Foi justamente uma quadra de terra desse sítio que Dona Simoa Gomes doou à Confraria das Almas em 15 de maio de 1756. Um fato curioso é que Simoa Gomes não sabia ler nem escrever. Isso em nada desmerece a importância dessa grande brasileira para a história de Garanhuns.
A FREGUESIA DE GARANHUNS É ELEVADA À CATEGORIA DE VILA
Em Carta Régia datada de 10 de março de 1811, Santo Antônio de Garanhuns é elevada à categoria de Vila, entretanto seu crescimento continuava lento. Em 1855, ela contava com apenas 156 casas. Em 1836, assume o primeiro Juiz de Direito (Dr. Paulo de Carvalho).
IGREJA NO BANCO DO BRASIL E CEMITÉRIO NO SANTA SOFIA?
A primeira igreja de Garanhuns foi construída em 1742 no local onde hoje é o Banco do Brasil. Era feita de taipa, mas logo foi reconstruída em alvenaria. A construção ficava no centro das terras posteriormente doadas por Dona Simoa. Em torno da igreja foram erguidas as primeiras casas e o primeiro cemitério. Tempos depois um novo cemitério foi construído onde hoje é o Colégio Santa Sofia. Em 1855, foi edificada uma nova capela no mesmo local da atual Catedral de Santo Antônio
04 DE FEVEREIRO DE 1879: GARANHUNS ALCANÇA A MAIORIDADE
Em 04 de fev de 1879 a Vila de Garanhuns, até então com quatro ruas, foi elevada a categoria de município. Os moradores da nova cidade à época dividiam o espaço público com animais haja vista que a principal atividade econômica era a pecuária. A educação era privilégio de poucos. De cada grupo de 1000 pessoas apenas 5 ou 6 aprendiam a assinar o nome. A diversão quase não existia e resumia-se a reuniões em domingos e dias santos em torno da matriz. Os homens disputavam cavalhadas. As mulheres e idosos ouviam os contadores de estórias discorrerem sobre os feitos do Imperador Carlos Magno. Dormia-se cedo e vivia-se para o sustento da família, mas em 1886 a construção do prolongamento de uma estrada de ferro, mudaria drasticamente o destino do novo município. Nada seria como antes.
UMA ESTRADA QUE MUDOU A HISTÓRIA
A construção do prolongamento da ferrovia de Recife marcou o início das atividades da Estação Ferroviária de Garanhuns. O volume de terras removido foi um dos maiores já visto no Império em obras daquele porte. O trecho ficou pronto em 1887. A primeira viagem aconteceu em 28 de setembro do mesmo ano. O trem partiu de Palmares às 6 horas da manha trazendo autoridades da província e chegou a Garanhuns às 11h30min, sendo recebido com efusivos fogos e banda de música. A construção da estrada colocou Garanhuns definitivamente nos trilhos do desenvolvimento. Muitas pessoas vinham desfrutar do clima e das águas com os quais a natureza dotou a região. Uma viagem ao Recife era feita em seis dias no lombo de cavalos e mulas. Com o trem, podia ser feita em apenas 6 horas. Foi uma verdadeira revolução. A arte também veio nos trilhos da nova estrada. Circos, conjuntos musicais e artistas desembarcavam periodicamente em Garanhuns para entreter a população. As construções urbanas também foram se modernizando. A primeira construção moderna da cidade foi a residência do Dr.Eronildes, engenheiro da estrada de ferro. Hoje, este prédio abriga o Palácio Episcopal. A agricultura também foi impulsionada pela facilidade de escoamento nos vagões. É impossível prever o que teria acontecido com o futuro econômico e urbano de Garanhuns sem a estrada de ferro, mas imaginemos um trem e uma mula disputando uma corrida até Recife. Em 1887 a cidade desceu do lombo da mula e pegou carona na locomotiva do desenvolvimento. O ramal férreo foi desativado em 06/11/1971.
A POLÊMICA EM TORNO DA ORIGEM DO NOME DE GARANHUNS
Existem várias versões para a origem do nome da cidade. Sebastião Galvão afirma que Garanhuns é uma palavra indígena, uma mistura de Guará (canídeo selvagem) e Anu (ave preta). Outra versão, contida no livro “Tupi na Geografia nacional” diz que Guirá era uma (ave) e Nhu (Campo) guirá+Nhu = Garanhuns. O Padre Alex Lemos Barbosa no seu pequeno, “Vocabulário Tupi português de 1955,”, diz que Guará=Garça; Nhu= Campo; a mistura das duas palavras formaria o topônimo Garanhuns. Essas versões são todas contestadas por Alfredo Leite Cavalcanti. Segundo ele, o nome Garanhuns provém de uma tribo indígena que habitou a região no tempo de seu descobrimento. Essa tribo era a Unhauhu dos campos dos Garanhu e esse nome teria sido transmitido pelos indígenas aos descobridores de Garanhuns.
A história de Garanhuns é rica e longa, sendo impossível retratá-la em apenas um artigo, por isso faremos uma parada no ano de 1887. Um novo artigo tratará dos fatos ocorridos entre 1887 e os dias atuais. Por enquanto fiquemos com a lembrança do suntuoso prédio do Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcanti. Outrora, este majestoso edifício de arquitetura inglesa, serviu como estação ferroviária que trouxe sobre os seus trilhos o desenvolvimento econômico a Garanhuns. Hoje, ele leva o nome do homem que era considerado esquisito por seus contemporâneos, simplesmente porque dedicou-se a contar com abnegação e empenho a história das pessoas e fatos responsáveis por este desenvolvimento. JUSTA HOMENAGEM.
Na edição 340, publiquei um artigo onde conhecemos um pouco da história de Garanhuns. A primeira parte desta viagem foi do ano de 1654, quando se iniciou o povoamento,até 1887 data da inauguração da linha férrea. Pela janela de um trem fictício pudemos ver os acontecimentos do Quilombo dos Palmares e sua influência para nossa região, contemplamos a própria gênese de nossa cidade arquitetada pelas sábias palavras do Barão de Nazaré perante á Assembléia Provincial de Pernambuco, entendemos o papel de Simoa Gomes e seus descendentes na formação do município, e por último desmistificamos a polêmica em torno da origem do nome Garanhuns. Hoje continuaremos a contar a história, e o ponto de partida é o importante ano de 1887, quando a inauguração da Estrada de Ferro, trouxe desenvolvimento para todas as áreas de Garanhuns.
COSTUMES DE UMA GARANHUNS ANTIGA
Era inexistente até antes de 1887, qualquer espécie de diversão na cidade, a não ser os contadores de história, mas para a inauguração do trem foi criada uma banda e daí por diante a população se divertia nas retretas. A partir de 1890, muitas famílias de Recife vinham para cá descansar e aproveitar os benefícios da bela natureza da região. Essas famílias trouxeram costumes novos que foram aos poucos afrouxando a rigidez dos métodos de educação então adotados.
Quando se aproximava o Natal, os homens da cidade se embrenhavam na mata do Sítio Mundaú, cortavam um pedaço de árvore com 15 metros de altura, e fincavam na frente da igreja de Santo Antônio para o hasteamento da bandeira natalina. À noite, divertiam-se nas barracas bebendo e conversando uns com os outros. Garanhuns em 1900 vivia imersa em lendas. Uma famosa, fala de uma mulher elegantemente trajada que altas horas da noite acompanhava os rapazes solitários, provavelmente nossos bisavôs. Estes, por sua vez não conseguiam chegar perto da referida mulher, pois quanto mais eles se aproximavam mais ela parecia distante. Outra lenda fala da imagem de Santo Antônio, anterior a atual localizada na igreja. Contam os antigos que a imagem foi achada no alto do Magano e trazida para a igreja. Dias depois desapareceu misteriosamente, e apareceu no mesmo lugar onde fora encontrada. O padre encucado com o mistério organizou uma procissão para conduzir a imagem de Santo Antônio de volta para o altar-mor da catedral. Merece destaque também a lenda do carro encantado que assombrava as noites da cidade.
Na Primeira metade do século XX, acreditem os leitores, o carnaval era a festa que mais empolgava os antigos moradores de Garanhuns. Existiam desfiles de blocos, cordões troças, papangus, além de um maracatu por nome de “Cambina velha” comandado por Antônio três Quinas. Infelizmente a alegria momesca das gerações passadas foi aos poucos diminuindo, até que hoje praticamente inexiste carnaval no município.
ORIGEM DE ALGUNS BAIRROS
Após 1887, começavam a fazer sentir os benéficos efeitos da ligação férrea com a capital do estado. O numero de casas aumentou consideravelmente dando origem aos primeiros bairros.
BAIRRO BOA VISTA
A história do bairro Boa Vista começou em 1894, com o inicio da construção de uma igreja para homenagear São Sebastião, porém a obra só foi concluída em 1922. Antes disso existia apenas uma cruz de madeira fincada no local. Em 1890, Garanhuns foi afetada por uma forte epidemia de varíola. O local onde hoje está erguida a Igreja de São Sebastião na Boa Vista ficou abandonado até 1922 data em que a atual catedral foi construída. Até então o mato tomava conta do terreno, que só era visitado quando ocorriam as epidemias, momento este que grande parte da população ia se valer do santo. O monumento do Ipiranga localizado na Boa Vista tradicionalmente conhecido como Pirulito foi erguido em 1922 para comemorar o centenário da independência.
BAIRRO DO MAGANO
O Magano apesar de não dispor de uma feira, também progrediu. O principal benfeitor daquele lugar foi Antônio Alves do Nascimento que construiu por conta própria a atual Matriz de Santa Terezinha. Em 1961, o bairro já contava com mais de mil casas.
ORIGEM DO BAIRRO HELIÓPOLIS
O Bairro de Heliópolis teve uma ocupação inusitada. O atual colégio XV de novembro que foi fundado em 1900 adquiriu um terreno onde ergueu em 1925 o prédio atual. Isso só foi possível graças ao trabalho do Reverendo Taylor diretor da escola. Porém o local era ocupado por casinhas humildes. O Prefeito da época Euclides Dourado, preocupado em destinar um espaço novo para abrigar os moradores dos arredores do XV, começou a explorar a área chegando ao ainda inabitado Monte Sinai, onde hoje é o quartel da Polícia Militar. Lá de cima Euclides Dourado admirado com a vista magistral teria dito “Nessa vasta planície abandonada é que deveria ter sido iniciado o povoamento da cidade”. Ao dizer aquilo, Euclides Dourado imaginou aquele lugar todo cortado por ruas e avenidas. Poucos dias depois com a ajuda do amigo Ruber Van Der Linden, Euclides Dourado mandou construir a Avenida Rui Barbosa que interligou o novo bairro ao centro. Assim nasceu o Bairro Heliópolis. Naquela época para se conseguir um terreno de 16 metros de fundo por 30 de frente nas proximidades da Avenida Rui Barbosa, não era necessário dinheiro, mas tão somente fazer uma petição ao prefeito, situação bem diferente da vivida nos dias atuais.
PORQUE O NOME ARRAIAL?
Antes de se chamar Heliópolis o novo bairro chamava-se Arraial. Quando os moradores foram transferidos para o novo local, perguntaram a uma preta velha muito simpática onde era seu novo endereço e ela sempre dizia: “eu moro no arraiá do seu Ocrídio,” (Prefeito Euclides Dourado) e assim ficou Heliópolis com esse apelido e até hoje muita gente ainda chama de Arraial.
A ILUMINAÇÃO DE GARANHUNS NOS IDOS DE 1900
A iluminação de Garanhuns no início do século XX era feita com garrafas de ferro cheias de querosene que eram suspensas por toros de bambu. Em 1901, foi inaugurado o primeiro serviço público de iluminação composto de 40 lampiões à querosene pendurados nas esquinas e becos da cidade. Na década de 20 as lâmpadas de carbureto foram substituídas pelas à álcool. Somente na década de 50 chegou a energia elétrica na cidade.
A EDUCAÇÃO EM GARANHUNS A PARTIR DE 1887
A educação em Garanhuns também foi modificada após 1887. Naquele ano, era raro encontrar alguém que soubesse ler ou ir além das quatro operações matemáticas. Não havia escolas publicas antes de 1878. A primeira foi a do Curso primário fundada neste mesmo ano e dirigida pelo professor Manoel Clemente da Costa Santos. A educação feminina começou seis anos depois pelas mãos da dona Liliosa Silvina de Oliveira e Silva. A famosa Educadora da Cidade dona Elisa Coelho foi aluna de dona Liliosa. Elisa prestou um grande serviço à educação de Garanhuns formando mais de 2.000 alunos durante 38 anos de ensino. Não foi a toa então que seu nome foi dado ao Colégio Estadual Elisa Coelho. Destacaram-se também, Pastor Martinho de Oliveira, (fundador do colégio XV), professor Arthur Maia entre outros. Em 1922 Garanhuns tinha 63.000 habitantes e já havia 11 escolas municipais e oito estaduais. Em 1957 esse número saltou para 164 escolas municipais que atendiam a mais de 6.000 alunos. O ensino particular também prestou um grande serviço àquela Garanhuns da segunda década do século XX. Destacam-se o Colégio Santa Sofia (fundado em 1912), o Colégio XV (fundado em 1900), Colégio Diocesano (fundado em 1925), Ginásio do arraial entre outros.
DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA.
Com o crescimento da atividade agrícola, a pecuária foi diminuindo de importância. A agricultura foi beneficiada também pela construção da Estrada de Ferro. A cultura do algodão foi a primeira a deslanchar após 1887. Já o café chegou a Garanhuns em um envelope datado de seis de setembro de 1877. As sementes foram distribuídas a lavradores que logo começaram o seu plantio. Atribui-se o início da cultura do café na cidade ao Capitão Luis Burgo. Ele seria um dos que teriam solicitado as sementes de café ao Presidente da província de Pernambuco.
O capitão Luis Burgo conseguiu ótimos resultados no plantio do café e isso estimulou muitos agricultores da região. Após alguns anos muitos sítios entre eles Fojes, Brejão e Mochila transformaram-se em prósperos produtores de café. Em 1925 a produção de café do município chegou a 80 mil arrobas e em 1960 esse número já saltava para 250 mil. Em 1960 já existiam sete firmas exportadoras do produto.
O TRIGO E OUTRAS CULTURAS
Em 1935 o Dr. Ruber Van Der Linden conseguiu convencer os agricultores da viabilidade de se plantar trigo em Garanhuns. Van Der Linden conseguiu do governo do estado um pequeno moinho, mas a produção de trigo não prosperou. Outras culturas foram introduzidas no início do século como a mamona, o agave, a cana de açúcar, entretanto nenhuma destas obteve o êxito desejado. Sobressaiu-se o feijão e o milho.
A POLÍTICA NA NOVA CIDADE
Dois anos depois de ser elevada à cidade, Garanhuns tinha nove vereadores. Em 1892 instala-se o primeiro governo autônomo do município. O primeiro prefeito eleito foi o Major Antônio da Silva. Depois disso a cidade teve treze prefeitos até 1929 quando passou a ser governada por interventores. Em 1947, Garanhuns volta a ser administrada por prefeitos e desse ano até os dias atuais foram 12 os administradores. Em 1926, no governo de Euclides Dourado realizou-se a primeira exposição de café aqui na Cidade das Flores. Naquele ano, pousou em solo garanhuense o primeiro avião, para total espanto da população. Era o progresso que começava a chegar. Essa aeronave também foi a primeira a aterrizar no interior de Pernambuco. Em 1958, Garanhuns foi eleita pela Revista O Cruzeiro, como um dos 10 municípios de maior progresso de todo o país.
CENAS DO PRÓXIMO CAPÍTULO.
Os leitores mais atentos perceberam que dois assuntos de extrema relevância não foram abordados nessas breves linhas: a Hecatombe ocorrida em 1917, e o desenvolvimento da indústria e comércio. Não foi esquecimento nem tão pouco falta de pesquisa, apenas entendemos que pela relevância desses dois temas eles devam ser tratados em artigos separados. Procurei ser sintético na abordagem, então para alguns esta matéria poderá parecer superficial, entretanto para ser fiel a todos os fatos da história de Garanhuns seria necessário muito mais que um simples artigo. Aqui procurei pinçar os fatos que julguei mais relevantes. Aqueles que quiserem se aprofundar neste apaixonante assunto, sugiro ler “História de Garanhuns” de Alfredo Leite Cavalcanti. Até a próxima.
Relembre a importância de Alfredo Leite Cavalcanti Para Garanhuns
O majestoso edifício de arquitetura inglesa que serviu como estação ferroviária e trouxe sobre os seus trilhos o desenvolvimento econômico a Garanhuns, hoje leva o nome do homem que era considerado esquisito por seus contemporâneos, simplesmente porque dedicou a vida a contar com abnegação e empenho a história das pessoas e fatos responsáveis pelo nascimento e consequente desenvolvimento da cidade
Livro de Alfredo Leite Cavalcanti: Trabalho incansável na busca da verdade histórica
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Alfredo Leite: ele reescreveu a história da cidade
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Memória Garanhuense
Folheando antigos rabiscos, usados para montar meus artigos para a Gazeta de Garanhuns, achei algumas curiosidades sobre nossa cidade e divido com os leitores que gostam de História. Todos os dados foram tirados do Livro "História de Garanhuns de Alfredo Leite Cavalcanti", um dos grandes responsáveis pela preservação da História de Garanhuns. O trabalho de Cavalcanti, nos cartórios da cidade, foi decisivo para montarmos o quebra cabeça em torno de nosso passado. Salve o mestre Alfredo Leite Cavalcanti.
O majestoso edifício de arquitetura inglesa que serviu como estação ferroviária e trouxe sobre os seus trilhos o desenvolvimento econômico a Garanhuns, hoje leva o nome do homem que era considerado esquisito por seus contemporâneos, simplesmente porque dedicou a vida a contar com abnegação e empenho a história das pessoas e fatos responsáveis pelo nascimento e consequente desenvolvimento da cidade JUSTA HOMENAGEM.
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Alfredo Leite Cavalcanti e Augusto
Calheiros: Amantes da música e do teatro
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Alguns fatos relevantes:
Primeiro hotel da cidade: foi o Hotel Estrela erguido na atual Dantas Barreto em 1887.
Em 1887, quando o trecho férreo Recife-Garanhuns ficou pronto,a cidade tinha 26 mil habitantes.
A construção da ferrovia de Garanhuns foi uma das mais notáveis do império, sobretudo, pelo grande movimento de terras.
Na Primeira metade do século XX, acreditem os leitores, o carnaval era a festa que mais empolgava a cidade. Existia desfile de blocos, cordões troças,papangus, além de um maracatu por nome de Cambina velha comandado por Antônio três quinas. Infelizmente a alegria momesca das gerações passadas foi aos poucos diminuindo até que hoje praticamente o carnaval inexiste por aqui.
A camara de vereadores de Garanhuns nasceu em 1837 e era composta por sete vereadores
Em 1892 instala-se o primeiro governo autônomo de Garanhuns. O primeiro prefeito eleito do Município foi o Major Antônio da Silva Souto.
FRAGMENTOS DA HISTÓRIA II
Alfredo Leite Cavalcanti: Quem foi este homem que mereceu a magna honraria de dar nome ao secular e majestoso edifício do Centro Cultural de Garanhuns? Não é exagero dizer que, Alfredo, com um árduo, metódico, e demorado trabalho de pesquisa nos empoeirados cartórios da cidade, foi o responsável por nos dar uma identidade. O que seria de nós sem o seu brilhante, "História de Garanhuns"? Se hoje conhecemos melhor nossos predecessores e nossa epopéia desde Domingos Jorge Velho e os Unhanhús, isso se deve ao incansável sacerdócio levado a cabo por Alfredo Leite Cavalcanti. Ele desvendou o DNA histórico desta nobre terra. Seu nome deve ser reverenciado para todo o sempre.
Alfredo Leite Cavalcanti era simples e residia no Bairro da Boa Vista. Era um defensor ferrenho quando se tratava de lutar pelas questões favoráveis ao engrandecimento da sua querida Garanhuns. A prova disso, foi uma briga que ele comprou com o prefeito Luiz Guerra por que o mesmo, certa vez, mudou a feira da cidade de lugar. Alfredo era assim. Incansável e obstinado. De 1905 a 1910, participou da banda musical 02 de Março. Em 1918 organizou junto com amigos a banda independente. Em 1919, nove anos depois da primeira partida de futebol em Garanhuns, Alfredo Leite Cavalcanti foi um dos fundadores do Sport clube Nas artes cênicas, fundou o Grêmio Polimático em 1922, que funcionou até 1940. Nele, costumava interpretar peças com outros artistas. Além de todas essas atividades que potencializaram para sempre Garanhuns e sua cultura no seio de Pernambuco, Alfredo tinha uma intensa vida privada. Era proprietário de carros de aluguel e de uma empresa de transporte coletivo, onde foi motorista, mecânico e cobrador ao mesmo tempo.
O interesse do nosso redescobridor pela história de Garanhuns nasceu já na sua velhice. Sai de cena o amante do teatro e o empresário, e nasce o vigoroso pesquisador. Com o novo ofício, seus cabelos brancos aumentaram rapidamente mas, em compensação, nosso conhecimento sobre "A Garanhuns de Simôa" aumentou na mesma proporção. O resultado foi a produção de uma obra que serviu, serve e servirá para a toda a posteridade. O livro de Alfredo Leite Cavalcanti é uma nave ao alcance de nossas mãos sempre que precisarmos revisitar o glorioso passado de Garanhuns, da Terra dos Unhanhús ou da primitiva e enorme Ararobá.
Nem só de forasteiros vivia o teatro de Garanhuns. Também tivemos nossos gênios da arte de interpretar e talvez o primeiro ator nativo da cidade tenha sido José João de Carvalho, considerado o mais persistente, pois tomou parte de todas as atividades ligadas ao teatro local
O TREM DA HISTÓRIA: VIVA LONGA AO NOSSO TEATRO
O teatro nasceu praticamente com o homem, através de rituais primitivos e danças que simbolizavam o dia a dia dos nossos ancestrais, entretanto, foi na Grécia que ele se potencializou como arte e ganhou brilho. Aqui em Garanhuns, podemos dizer que nossos antigos moradores eram muito inventivos e desde a doação de terras feitas por Simôa Gomes, cuja principal consequência foi a origem da cidade, a arte, as histórias do Imperador Carlos Magno e as danças fazem parte do nosso cotidiano. A estrada de Ferro, inaugurada em 1887, trouxe sobre seus trilhos não só o desenvolvimento econômico, mas também as manifestações artísticas oriundas da capital e essa migração cultural se dava pela facilidade e rapidez da viagem. Circos, conjuntos musicais e atores desembarcavam constantemente na Cidade das Flores para entreter a população.
PRATA DA CASA
Nem só de forasteiros vivia o teatro de Garanhuns. Também tivemos nossos gênios da arte de interpretar e talvez o primeiro ator nativo da cidade tenha sido José João de Carvalho, considerado o mais persistente ator de nossa história, pois tomou parte de todas as atividades ligadas às artes cênicas da cidade. O palco era onde ele mais gostava de atuar. Em 1908 foi sócio fundador da Arcádia Dramática. Em 1922 , ocupa o cargo de diretor de cena do Grêmio Polimático. Ali, criou-se as bases do nosso teatro nos legando mais de 30 anos de ótimas produções. Muitas das manifestações culturais de hoje, no município, se deve a semente plantada por este abnegado artista. JJ Carvalho faleceu em 1953.
NÚCLEOS TEATRAIS DE GARANHUNS NAS DÉCADAS DE 10, E 20.
NÚCLEO TEATRAL 02 DE MARÇO -(1913)
O núcleo dramático 02 de Março surgiu em 14/05 /1913 e mais uma vez sua criação se deveu à devoção de J J Carvalho. Ele uniu em torno de si um grupo de homens comprometidos em potencializar as artes cênicas na jovem Cidade das Flores. Entre estes homens estava Arthur Maia e nada mais nada menos que Alfredo Leite Cavalcanti. Na sua programação, o núcleo encenou a peça " Castigos do Conde de São Paulo" com a participação de Maria Augusta, atriz de renome nacional. Essa ligação de Alfredo Leite Cavalcanti com as manifestações teatrais de Garanhuns,pode explicar por que seu nome foi dado ao Centro Cultural, suntuoso prédio de arquitetura inglesa
GRÊMIO POLIMÁTICO DE GARANHUNS -(1922-1940)
Era uma associação de teatro formada por 25 homens e mulheres. Dele fazia parte o lendário Alfredo Leite Cavalcanti. JJ Carvalho era o Diretor musical. O grupo tinha pianistas e contava com astros de primeira grandeza como Maria Augusta e Agusto Calheiros. No dia 07/09/1922, começaram as apresentações teatrais com o drama " Operários em Greve" representado por JJ Carvalho, Artur Maia José Elisbão e Tranquilino Viana.
Em 1939,Alfredo Leite Cavalcanti interpretou a peça o interventor, juntamente com os demais membros do grupo. Alfredo foi fiel ao Grêmio Polimático de Garanhuns até 1940, data que desapareceu. No auge do seu sucesso, essa companhia de artistas da terra foi considerada pela crítica pernambucana, o melhor grupo teatral do interior do estado.
Atores e munícipes de Garanhuns/PE. Orgulhem-se, pois nosso teatro nasceu da genialidade, obstinação e perseverança de personagens do nosso passado como: Alfredo Leite Cavalcanti, Artur Maia, Augusto Calheiros, J J Carvalho, entre outros.
VIVA O TEATRO
04 de fevereiro de 1879, nasce a Pátria de Simôa
Entre 1654 e 1879, período em que se gestava Garanhuns, uma figura importante apareceu. Seu nome era Simôa Gomes, Dama do mais alto porte e neta daquele que dizimou o Quilombo dos Palmares. Simôa não herdou o espírito belicoso do avô, mas a coragem era a mesma. Destemida, cavalgava varonilmente fogosos cavalos de seu pai na Fazenda Garcia sempre com uma pistola à cintura no mais original estilo setecentista.
04 de fevereiro de 2011. Para o resto do país, um dia comum, mas não para Garanhuns/PE. Há 132 anos, nos fazíamos cidade. A fecundação? Essa foi muito antes. Aconteceu por volta de 1654 e ironicamente foi fruto de um encontro entre Domingos Jorge Velho, o avô de Simôa Gomes, e os negros do Quilombo dos Palmares. O velho Bandeirante, subestimando a força de Zumbi, foi acossado em sua primeira investida e veio se recompor aqui nos Campos do Unhauhus, uma tribo indígena que habitava a região. Passou 10 meses na primitiva Garanhuns, para só então marchar como uma flexa fulminante rumo ao Quilombo, destruindo-o completamente. Na fuga desesperada, negros palmarinos para cá vieram formando outros quilombos menores. Esse encontro histórico e improvável onde entraram em choque três raças com interesses totalmente diferentes, no longínquo ano de 1654, foi o embrião do que hoje é Garanhuns e ele se gestaria no grande útero da Capitania de Ararobá até 1879, ano do nascimento do município.
Entre 1654 e 1879, período em que se gestava Garanhuns, uma figura importante apareceu. Seu nome era Simôa Gomes, Dama do mais alto porte e neta daquele que dizimou o Quilombo dos Palmares. Simôa não herdou o espírito belicoso do avô, mas a coragem era a mesma. Destemida, cavalgava varonilmente fogosos cavalos de seu pai na Fazenda Garcia sempre com uma pistola à cintura no mais original estilo setecentista. Em 1756, já viúva, após agraciar os seus dois filhos, Bertoleza e Valério, com a herança do falecido, doa a sua parte a Confraria das Almas. Nesse solo sagrado, formou-se cerca de quinze casas entre elas a da matriarca. Só em 1811, com apenas 156 casas, é que nos tornaríamos Vila. O crescimento era lento. Garanhuns parecia abandonada à própria sorte. Simôa já havia falecido, mas Deus não nos desamparou. Um ano antes de nosso nascimento, um personagem, que viera para a Vila de Garanhuns descansar, mudaria o destino desta terra para sempre. Era o deputado provincial Silvino Guilherme de Barros, o Barão de Nazaré. Ele encantou-se de tal maneira com a beleza das Sete Colinas, que voltou a capital decidido a torná-la cidade. Finalmente no dia 04 de fevereiro de 1879, sob força da Lei 1.309, aquele filho que foi fecundado lá no ano de 1654 nos verdes campos dos Unhauhus se tornou um ente municipal do império. Guardem e reverenciem este grande momento. Assim nasceu Garanhuns. A mais bela cidade deste estado chamado Pernambuco. Até a próxima
Conheça um pouco da História arquitetônica de Garanhuns/PE
Essa é Garanhuns. Uma terra de muitas promessas. Uma jovem de poucos anos que ainda tem muito a mostrar ao Brasil e ao seu povo
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Brindou hoje com um presente de encher os olhos daqueles que amam essa cidade. A emissora fez uma bela matéria sobre a história arquitetônica de Garanhuns. O documentário começou no Castainho. Foi do barro extraido ali, que os negros fugidos do Quilombo dos Palmares, no século XVII, começaram produzir, nas olarias, telhas e tijolos que ajudaram a erguer as casas da Garanhuns antiga.
Seu Ivanildo, morador do Castainho, disse que trinta carros de boi atuavam levando telhas e tijolos daquela comunidade para Garanhuns. "O Castainho quem construiu Garanhuns", falou o seu Ivanildo, com um certo ar de orgulho.
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Palácio Celso Galvão (sede da prefeitura) Construção em estilo Art Déco
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A história que seu Ivanildo ouviu dos seus antepassados negros, a competente Professora Giseuda de Barros, da Universidade de Pernambuco, confirmou com pesquisas científicas. Segundo ela, Garanhuns antigamente tinha casas muito simples, de taipa e com cobertura de palha.Ela confirma que as telhas e tijolos feitos no Castainho foram responsáveis por parte da arquitetura antiga da cidade.
Mas nem só de taipa e palha viveu o passado de Garanhuns, pelo contrário, com o passar dos anos, a arquitetura da cidade começou a ganhar a influência européia. Até hoje, é possivel encontrar casas e prédios públicos construídos no estilo Arte Déco, criado na Paris dos anos 20 e, que dominou Pernambuco nos anos 30 e 40. A própria sede da Prefeitura de Garanhuns, (Palácio Celso Galvão), é construída nesse estilo francês.
O Centro Cultural de Garanhuns, não menos belo, tem arquitetura inglesa. Foi transformado em polo cultural da cidade em 1971. Funcionou por muitos anos como estação ferroviária, local de efervescência econômica no século dezenove.
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Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcanti Arquitetura inglesa no coração de Garanhuns
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Ana Nery de Azevedo, Diretora da Secretaria de Turismo de Garanhuns, explicou que a feira acontecia na frente da estação do trem. Ali, as pessoas se encontravam e negociavam, tudo girando em torno da nova estrada de ferro. A diretora falou com um semblante e voz firmes, característica de quem se emociona ao dissertar sobre a beleza arquitetônica da Cidade das Flores.
A reportagem seguiu falando do tesouro arquitetônico de Garanhuns. Citou-se a construção da Avenida Rui Barbosa, idealizada pelo prefeito Euclides Dourado, ajudado pelo seu grande amigo Ruber Van der Linden.
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Avenida Rui Barbosa: a verticalização é uma realidade necessária
A Avenida Caruaru margeava a antiga linha do trem, que passava onde hoje estão os canteiros centrais, e foi urbanizada e entregue com o atual nome na gestão do ex-prefeito Souto Dourado. Foi na administração dele, filho do também ex-prefeito Euclides Dourado, que o ramal ferroviário até Garanhuns foi desativado, motivo que o permitiu abrir a Av. Caruaru e tranformar a antiga Estação no Centro Cultural, construindo o Teatro que hoje leva seu nome. A Avenida em que você mora sempre foi um local de chegada e saída da cidade, portanto, e, ainda que o nosso antigo trem fosse ao Recife e voltasse dele por Palmares, e não por Caruaru, quer queira, quer não, a Avenida Caruaru homenageia a grande cidade-irmã da nossa, por meio da qual, com o fim do trem, passaria, de fato, a existir a principal rota de chegada à Cidade das Flores (a BR-423).
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João Capão, seu castelo e seu sonho de ter um reinado, também foram destacados. Capão disse que usou oitocentos e dez mil tijolos para construir o castelo.Essa é Garanhuns. Uma terra de muitas promessas. Uma jovem de 132 anos que ainda tem muito a mostrar ao Brasil e ao seu povo.
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Castelo em Garanhuns: 810 mil tijolos depois, nasce o reino de João Capão
Confiram em vídeo a matéria da TV ASA BRANCA
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FRAGMENTOS DA HISTÓRIA VI
Numa bela manhã do verão de 1923, em Garanhuns, um fato pouco comum deixou em pânico os moradores da cidade. Garotos jogavam bola na antiga Rua do Recife, senhoras se ocupavam em fazer o almoço, esposos conversavam entre si na calçada quando de repente: UM ESTRONDO. Um colossal estrondo, seguido de uma onda de calor e um brilho intenso no céu, singrou os quatro cantos da Terra de Simôa. Seria o fim do mundo? Pensaram todos.
O medo tomou conta de todos. Era gente correndo e saindo das casas por todos os lados, gritando: "É o fim do mundo". A direção era uma só: A catedral de Santo Antônio. Os que ficaram dentro de casa, se reuniam na sala e se punham a rezar e benzer-se de joelhos, enquanto lá fora, a debandada era grande rumo à Igreja. Depois do primeiro impacto, começaram a aparecer notícias.As vidraças do Colégio Santa Sofia se espatifaram todas e, em várias casas, objetos caíram das prateleiras, o gado se soltou assustado e se pôs a correr.
No dia seguinte, 02 de outubro de 1923, o mundo ainda continuava no mesmo lugar e todos os nossos bisavós ainda estavam vivos, para a nossa sorte e existência. Restava então ler as notícias no Jornal “O Imparcial", sobre o que teria sido aquele estrondo. E eis que o Jornal revelava a verdade:“METEORITO CAÍDO NA SERRA DO MAGÉ, MUNICÍPIO DE PESQUEIRA. O GRANDE METEORITO CAIU A 60 km DE GARANHUNS PASSANDO POR CIMA DESTA CIDADE. QUANDO SE CHOCOU COM A SERRA DO MAGÉ, O METEORITO CAUSOU FORTE RELÂMPAGO E UMA DENSA CORTINA DE FUMAÇA”.O efeito da queda desse meteorito por muitos anos foi assunto nas rodinhas de amigos e comadres de Garanhuns. Essa foi a história do dia que o mundo quase acabou na querida Garanhuns
FRAGMENTOS DA HISTÓRIA VIII
Histórias da Antiga Rua do Recife em Garanhuns/PE
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Rua do Recife em Garanhuns no ano de 1934: Atual Dr José Mariano. Do lado esquerdo notem a Praça João Pessoa
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MEMÓRIA DE GARANHUNS
Ando lendo os Aldeões de Garanhuns, de autoria de Alberto da Silva Rego. O livro é como se fosse suas memórias de criança e trás ricos acontecimentos do município no início do século passado, mais exatamente nas décadas de 10 a 40. Me chamou a atenção as memórias de Alberto da Silva Rego sobre a antiga Rua do Recife que hoje chama-se Dr. José Mariano. Para que vocês possam se situar, a Dr. José Mariano é aquela rua que começa exatamente na Praça João Pessoa.
A luz chegou à Garanhuns em 1919 e onde hoje é a Praça João Pessoa, ficava um Chafariz construído no ano seguinte. Antes de 1930, ela se chamava Praça Sergio Loreto. A Rua do Recife era chamada assim por que de lá, partiam os transportes para a capital pernambucana. A Rua do Recife em 1910 era composta em sua maioria de casas meia água. O coronel Bimbe Tororó, avô de Alberto, possuía mais de 30 casas naquela rua. Havia também estabelecimentos comerciais e públicos como: o Tiro de Guerra nº 45, que funcionou de 1929 a 1931, consultórios dentários, açougue Guarani (22/29), Sede do América Futebol Clube, que funcionou em 1922, entre outros. O carnaval era um período alegre e especial para o jovem Alberto da Silva Rego. Sim, naquela época, blocos, cordões e palhaços animavam nossos bisavós. O que eles diriam hoje se soubessem que Garanhuns não tem mais carnaval? Talvez dissessem: "Poxa como nossos bisnetos são caretas e parados".
OS SERESTEIROS DA PRAÇA JOÃO PESSOA
Antigamente, nos sábados, os seresteiros tomavam conta da Praça João Pessoa. Nessa Época, havia uma estátua de uma criança fazendo xixi em um tanque e os marmanjos, após a cantoria que encantavam as donzelas, se jogavam na água do tanque afim de se refrescarem. Havia lendas. O carro encantado de Dona Secunda assombrava as noites. Moravam na Rua do Recife, por volta de 1930, personagens exóticos. Dona Rosa rezadeira curava mal olhado e Dona Pastorinha era cartomante.
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Praça João Pessoa em Garanhuns no ano de 1930
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